Algumas palavras passam por tantas mudanças, que por mais óbvias que sejam, fica difícil de mensurar tudo que ela significa. Talvez, a palavra “influência” seja uma delas.
O que vem a nossa mente quando falamos sobre influenciar? Quem sabe uma pessoa famosa. Alguém do mundo digital com muitos seguidores, um grande líder ou empresário que admiramos. Em outras palavras, nossa tendência é ir para o grande, midiático e, às vezes, para uma conduta inalcançável. Assim, somos convencidos de que influenciar é para alguns poucos escolhidos de um grupo seleto.
Se estamos pensando assim, é sinal de que precisamos voltar para as origens do que significa influenciar, para a simplicidade do termo antes da mídia, da internet e redes sociais. Quando influência ainda era mais sobre o outro do que sobre o “eu”.
De forma simples: influenciar e gerar uma mudança no outro, é fazer bem para uma pessoa. Não importa a quantidade, se é uma ou mil. É como dizem: não é sobre mudar o mundo, mas sobre mudar o mundo de uma pessoa! Isso pode ser em qualquer lugar, seja na família, com um amigo, na faculdade, um cliente, um colega de trabalho ou um desconhecido. É voltar para a simplicidade da caridade em prol do bem comum.
A tecnologia trouxe muitas mudanças positivas, como liberdade de informação, melhora na qualidade e expectativa de vida, respostas mais rápidas diante de tragédias etc. Mas também afetou ou individual e emocional das pessoas. Trouxe mudanças de comportamentos, como medir o que somos a partir de outro, comparar nossas conquistas com alguém famoso. Também temos o que vivemos na pandemia. Quase dois anos de isolamento e perdas que abalaram. O virtual ajudou a manter um mínimo de conectividade e a realização dos trabalhos possíveis, mas gerou o distanciamento presencial e, consequentemente, o valor que há nas relações humanas que sempre conhecemos.
Esse tipo de mudança gera transformações em nós sem que percebamos. Quando menos percebemos, entramos em um modo automático de fazer e pensar determinadas coisas sem analisar o que está acontecendo. Então, passamos a nos questionar, por que precisamos nos deslocar para o trabalho? Por que precisamos de tal ação? Ou falar com determinada pessoa?
Aquilo que era normal da vida perde espaço para um novo comportamento que, a longo prazo, afeta nosso emocional e como contribuímos uns com os outros.
Talvez, a resposta seja algo mais simples, como uma criança. Pense quando você era criança, na praticidade de lidar com as coisas, nas brincadeiras despretensiosas, quando um “amiguinho” chorava na escola e você dividia o seu lanche. A criança não costuma pensar em todas as problemáticas que nós adultos pensamos, não é mesmo? Podemos aprender com elas quando falamos sobre influência. Retornar para a simplicidade do que ela significa e ajudar uns aos outros sem se preocupar com reconhecimento. Afinal, trata-se do bem do outro.
Uma história para se inspirar é a de Zach Bonner. Hoje, ele tem mais de 20 anos, mas aos 6 anos, passou pelo ciclone que devastou a Flórida. Ele viu outras crianças desabrigadas, sem alimentos e, é claro, brinquedos. Então, ele pegou um daqueles carrinhos de puxar que as crianças americanas gostam e começou a pegar doações de água e brinquedos para ajudar as outras crianças como ele. O resultado disso foi que em um ano ele arrecadou 120 mil dólares e deu início a uma fundação que, hoje, ajuda crianças sem teto, chamada Little Red Wagon.
Ele não era um empresário, nem rico, sem influências e recursos. Ele olhou para o problema, pensou no que tinha disponível para ajudar outras crianças como ele. Por meio da simplicidade, um lindo trabalho teve início.
Com essa história, podemos aprender que o sucesso da influência não é medido por mim mesmo, por quanto eu conquistei, mas pelo quanto que outra pessoa foi impactada. Isso contribui para o nosso emocional, traz propósito e significado e não se torna algo obrigatório, mas natural daquilo que somos como pessoas.